Chefe de esquema de sonegação em vários estados está foragido, diz MP
A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais cumpriram mandados nesta quinta-feira (27) durante a Operação Dono do Mundo, em Contagem e Nova Lima, na Região Metropolitana, e Conceição do Pará, na Região Centro-Oeste de Minas. Um empresário, considerado chefe de um esquema que envolvia empresas em outros estados, está foragido. Segundo a coordenação da operação, em cinco anos, o valor sonegado supera R$ 250 milhões. A fraude ocorria com emissão de notas falsas e subfaturamento.
“Pelos cálculos da Secretaria da Fazenda e pelas informações que conseguimos colher, este grupo movimentou cerca de R$ 1 bilhão em termos de negócios, nos último cinco anos, e a sonegação fiscal decorrente supera os R$ 250 milhões em ICMS”, disse o coordenador do Centro de Apoio das Promotorias de Defesa da Ordem Econômica e Tributária, Renato Froes.
Policias que estiveram na casa do empresário Jairo Cláudio Rodrigues, em Nova Lima, não o encontraram e receberam a informação de que ele estaria viajando. O mandado de prisão temporária não pôde ser cumprido.
No início desta tarde, o advogado Helio Belotti, que representa o empresário, informou ao G1 por telefone que não teve acesso à denúncia, e que o cliente já está retornando de uma viagem de negócios para prestar os esclarecimentos. Segundo a defesa, não existe nenhuma dívida tributária com o estado no valor de R$ 250 milhões.
Segundo a polícia e o promotor, também foram expedidos pela Justiça 12 mandados de condução coercitiva – em que a pessoa é conduzida para depoimento – e quatro de busca e apreensão. O cumprimento dos mandados de condução ocorreu na empresa Space Minas, no bairro Fonte Grande, em Contagem. Nesta manhã, nove pessoas foram levadas para a sede da promotoria, onde vão dar esclarecimentos sobre o esquema investigado.
“São outras pessoas que, em princípio, a gente optou por não prender. É um esquema muito amplo, que envolve muitas empresas. Estas pessoas são responsáveis por áreas estratégicas dentro do grupo e serão ouvidas”, disse Froes. Os mandados de busca foram cumpridos na casa do suspeito de liderar o esquema, em Nova Lima, em duas unidades do grupo empresarial em Contagem e numa terceira empresa.
De acordo com o delegado Denilson Reis Gomes, da Polícia Civil, esta é a terceira fase da investigação, que já apontou o envolvimento de outras empresas. Elas teriam um operador em comum, que seria um grupo especializado em fraudar a Receita Estadual.
“Existe um operador sim, que faz esta logística. Não um, mas vários, um núcleo que trabalha envolvendo estas práticas de logística, oferecendo um know-how para que elas possam sonegar”, disse o delegado.
São investigados os crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Empresas de fachada seriam usadas para realizar a fraude. Segundo o Ministério Público, elas estão localizadas no Espírito Santo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, em São Paulo e Goiás.
“De forma genérica, ele [chefe do esquema] se vale de inúmeras empresas, que cria ou controla em várias cidades de Minas e em outros estados. Essas empresas que não existem, na prática, arcam com a resposabilidade tributária. Assim que cumprem o seu papel, fecham as portas e automaticamente ele cria uma terceira. Quando se percebe a fraude, não tem de quem cobrar”, revela o promotor.
Fonte: G1